segunda-feira, 14 de maio de 2007

«E há um dia em que a alma nos rebenta nas mãos»

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket
Há gente que espera de olhar vazio / na chuva, no frio, encostada ao mundo / A quem nada espanta / nenhum gesto / nem raiva ou protesto / nem que o sol se vá perdendo lá ao fundo / restos de amor e de solidão / na pele, no chão, na rua inquieta / Os dias são iguais já sem saudade / nem vontade / aprendendo a não querer mais do que o que resta / E a sonhar de olhos abertos / nas paragens, nos desertos / A esperar de olhos fechados / sem imagens de outros lados / A sonhar de olhos abertos / sem viagens e regressos / outro dia lado a lado / Há gente nas ruas que adormece / que se esquece enquanto a noite vem / É gente que aprendeu que nada urge / nada surge / porque os dias são viagens de ninguém / Aprende-se a calar a dor / a tremura, o rubor / o que sobra de paixão / Aprende-se a conter o gesto / a raiva, o protesto / E há um dia em que a alma / nos rebenta nas mãos
Mafalda Veiga – "Lado (a lado)"